Créditos: Gabriel Insano

No último sábado, 27, o futebol cearense conheceu o mais novo campeão do Campeonato Cearense Série B. Por 3 a 0, o Tirol derrotou o Cariri e sagrou-se campeão da Segunda Divisão estadual numa final inédita. As duas equipes possuem diversas semelhanças que vão desde as mesmas cores e passeiam pelas suas fundações recentes, acesso inédito à elite do futebol local no mesmo ano até às suas estruturas organizacionais.

Diante dessas similaridades, há um fator que se torna único em todo o futebol estadual: a profissional Glória Lima Freire, 24 anos, é a única supervisora mulher do futebol cearense.

A sua paixão pelo futebol vem de berço por influência de seu pai, que sempre a levou para o estádio e cultivou todas as emoções que circundam o esporte. Por esse incentivo, Glória cursou Gestão Desportiva e de Lazer onde obteve graduação pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará – IFCE.

O seu início no Tirol aconteceu em 2021 quando ingressou no clube como bolsista estagiária através do IFCE, por meio do Programa Academia e Futebol, que é um Programa do Governo Federal, em parceria com universidades e institutos federais, visando difundir a prática do futebol. Já na equipe, atuava como auxiliar do supervisor, Lucas Evangelista – atualmente, está na função no Ceará Sporting Club - que abriu as portas do futebol e a orientou sobre as atividades do cargo. Em outubro de 2023, assumiu a função de Supervisora de Futebol da equipe.

Em um levantamento feito pelo site UOL em 2024, considerando os cargos que mais influenciam um time de futebol nas séries A e B do Brasileirão: técnico, presidente e diretor de futebol. Quem escala, quem manda e quem monta o elenco. A pesquisa apontou que dos 117 cargos analisados, apenas um possui uma mulher ocupando um cargo de liderança, que é o caso da presidente do Palmeiras/SP, Leila Pereira. Na presidência do clube paulista, Leila é apenas a terceira mulher a presidir um clube grande no país, antecedido por Marlene Matheus (Corinthians – 1991) e Patrícia Amorim (Flamengo – 2010).

Sabendo que o futebol é um esporte majoritariamente comandado e praticado por homens, Glória comentou a percepção de sua família em ocupar uma função de destaque no futebol.

“A família enxerga com receio porque é um meio machista e isso faz com que eu seja biologicamente mais frágil na frente deles, mas que viva o matriarcado, não tem nada que um homem faça que uma mulher não pode fazer melhor. Eu me sinto privilegiada, com muita força, disposição e preparação para ocupar esses locais que são carentes da presença feminina. Como mulher, sei que podemos trazer uma nova visão e perspectiva inclusive de melhorias para esses espaços”, comentou.

Fundado em 2011, o Tirol filiou-se à Federação Cearense de Futebol em 2018 e disputou o Campeonato Cearense de Futebol nas categorias Sub-15 e Sub-20. Profissionalmente, participou do Campeonato Cearense Série C pela primeira vez em 2021 e garantiu o acesso com o vice-campeonato, e no último sábado (27), conquistou o título do Campeonato Cearense Série B e em 2025 estará entre as dez melhores equipes do futebol cearense.

Com o acesso à elite e o título estadual, Glória destacou os desafios que espera daqui pra frente nessa função tão importante no futebol.

“É o início de uma carreira sendo alicerçada em um trabalho promissor, espero estar assim como o Tirol em ascensão dentro do futebol, conquistando cada vez mais espaços e me desenvolvendo para tal. No futebol sabemos que não existem fronteiras, devemos buscar sempre mais e melhor e continuar nos capacitando para isso”, completou.

Glória aproveitou e avaliou a competição de forma positiva, destacando o alto nível de competitividade e equilíbrio entre as equipes, frisando as contratações das equipes que se reforçaram após o término do Cearense Série A lograram bom êxito no final da competição.

Daniel França
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